Sunday, October 15, 2006

Para além da emissão sonora: as interacções no podcasting

Depois do aparecimento da radiodifusão e da sua recente digitalização, através da Internet, surge agora uma nova forma de distribuição e acesso ao meio áudio. O seu nome é podcasting e consiste num processo mediático que possibilita a publicação de arquivos de áudio na Internet.
Isto vem revolucionar o modo de acesso à emissão sonora. Se até agora a maior parte da radiodifusão se fazia através de ondas electromagnéticas passa, com o podcasting, a ser acedida através da conexão à Internet e do uso de um determinado software.
Deste modo, a distribuição de podcast traz bastantes vantagens que completam aquilo que a rádio não conseguia oferecer.
A interactividade é algo bem mais patente no podcasting, pois este, embora não seja um meio de comunicação de massas mas sim um conjunto de meios de baixa circulação que visam pequenos públicos que conseguem ver o seu produto expandir-se graças aos seus vínculos com blogs, fóruns, salas de chat, e-mails, etc., difunde a informação e promove o debate sobre o produto disponibilizado. Assim, verificam-se interacções mútuas ou interacção interpessoal mediada pelo computador. O conceito de audiência de massa torna-se, deste modo, obsoleto (característico da radiodifusão), além de que as massas não interagem entre si.
Esta estreita ligação entre podcasting e Internet oferece ainda a possibilidade de agregar ao áudio imagens, links hipertextuais e ainda ser dividido por capítulos, o que torna este meio mais abrangente e informativo. O podcasting torna-se assim num recurso hipertextual e multimédia. É o ouvinte que escolhe e procura o que quer ouvir, possuindo assim o controle. Se na rádio tradicional a emissão é feita através de programas dirigidos a um grande número de ouvintes, o podcasting é bastante mais individual, pois graças à mínima estrutura tecnológica exigida, a produção e distribuição pode ser realizada de maneira simplificada por, inclusive, uma só pessoa e são as escolhas pessoais que prevalecem.
Já na emissão radiofónica é necessário que haja uma organização empresarial, uma licença do Estado, profissionais para dirigir as emissões e muitas vezes um bom estúdio de gravações. Deste modo podemos ver como no podcasting o acesso é facilitado. Para além disso, as rádios tendem sempre a veicular apenas o comercial e consumível, enquanto na podosfera também se pode encontrar música independente.
Existem também diferenças entre a radiodifusão convencional e o podcasting no que se refere à interacção com os conteúdos sonoros. Enquanto na radiodifusão existe uma linearidade da emissão, isto é, o ouvinte não pode voltar a ouvir o que já foi transmitido, com o podcasting pode fazê-lo, não se perdendo o programa após a sua transmissão. Além disso, é possível interromper o programa através dos botões de pausa, avanço e recuo. Cria-se uma nova forma de navegação em áudio que termina com a linearidade, sendo possível seleccionar apenas as informações desejáveis e não consumir toda a informação que nos é imposta.
Mas o processo interactivo, nomeadamente a relação ouvinte/conteúdo (não existe coincidência temporal entre produção e escuta) e a interacção entre todos os intervenientes do processo, contínua limitado visto que «a informação é apresentada como se estivesse em um museu.»
[1] (processos horizontais). Todavia, os podcasters estimulam os seus ouvintes para que enviem e-mails e voice mails. Estas mensagens são respondidas nos programas seguintes (processos verticais). Na radiodifusão o processo de envio de mensagens é semelhante (cartas; e-mails) mas os ouvintes também podem “entrar no ar” directamente através do telefone, o que não se verifica no podcasting.
Também não é possível ver o podcasting apenas como um meio de democratização. Apesar de ter esse grande potencial não deve ser um meio limitado a esse ponto, «ou seja, não é apenas com os blogs e podcasts que o cidadão passa a ganhar voz.»
[2]. Além disso, nem todos os cibernautas estão interessados em ter o seu próprio podcast e preferem apenas ser assinantes.
Nádia Raposo
Carla de Sousa

[1] PRIMO, A. F. T. . Para além da emissão sonora: as interações no podcasting. Intexto, Porto Alegre, n. 13, 2005.

[2] PRIMO, A. F. T. . Para além da emissão sonora: as interações no podcasting. Intexto, Porto Alegre, n. 13, 2005.

1 Comments:

Blogger Kabujurra said...

Eu também.. está muito bem conseguido!

4:08 PM  

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